Segundo o Dr. Luiz Paulo Kowalski (doutorado em otorrinolaringologia), o câncer de laringe tem tido a sua incidência aumentada nos últimos anos, principalmente no Estado de São Paulo. A maioria dos casos são diagnosticados em fases avançadas de evolução. O consumo de tabaco e de bebida alcoólica são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de laringe. Exposições ocupacionais às fibras têxteis, níquel, pó de madeira e asbestos e os hábitos precários de higiene oral também são fatores de risco. Não há predominância racial para o câncer de laringe, sendo este considerado de grande prevalência nos centros urbanos. O câncer de laringe compreende cerca de 25% dos tumores malignos que acometem a área de cabeça e pescoço, sendo predominante no sexo masculino com uma estimativa baseada pelo INCA no ano de 2.016 que 7.350 novos casos 6.360 são homens e 990 são mulheres.
Resumidamente, as características predominantes dos pacientes com câncer de laringe em nosso meio são:
– Sexo: 7 homens para 1 mulher
– Idade: acima 50 anos
– Etiologia: alcoolismo e tabagismo
– Baixo nível sócio-econômico-educacional
– Rede de apoio familiar enfraquecida
– Tumor em fase avançada
O TRATAMENTO CIRÚRGICO
As pessoas com câncer de laringe em estágios III e IV, submetem-se ao procedimento cirúrgico denominado “Laringectomia Total”. A cirurgia tem como objetivo a remoção do tumor, em geral é associado a ressecção cervical ganglionar (remoção total ou parcial de um órgão ou parte do corpo), para assegurar a extirpação total do tumor. No pós-operatório a radioterapia complementa o tratamento.
A cura do câncer, assim como a qualidade de vida, tem aumentado substancialmente, conforme a localização e histologia de tumor após a cirurgia.
Na Laringectomia Total são removidas as estruturas que produzem o som laríngeo, ou seja, o esqueleto cartilaginoso da laringe (as pregas ou cordas vocais), e vários músculos vizinhos. A parte superior da faringe é suturada à base da língua e a traqueia suturada à base do pescoço, onde é realizada uma abertura, chamada traqueostomia, para a respiração. Depois da cirurgia, o indivíduo perde a capacidade de emissão do som laríngeo.
Na literatura cirúrgica, há um consenso em considerar este procedimento como altamente multilatório, devido as consequências para o paciente, que podem ser diferenciadas em:
- a) fisiológicas:
– Alteração da via respiratória
– Traqueostomia permanente.
– Afonia.
– Diminuição da atividade motora do ombro, braço e pescoço
– Diminuição do olfato e paladar
- b) psicossociais:
– Alteração da imagem corporal
– Alteração da comunicação
– Alteração das atividades sociais
– Alteração da autoestima
REABILITAÇÃO VOCAL POR MEIO DA LARINGE ELETRÔNICA (ELETRO LARINGE OU LARINGOFONE).
Essas consequências, ou alterações, podem ser amenizadas através de diferentes recursos, dentre eles a Laringe Eletrônica também conhecida como Laringofone ou Eletro Laringe.
A Laringe Eletrônica ou Laringofone e Eletro Laringe, é um amplificador movido a bateria ou pilha que emite uma onda sonora contínua. Esta vibração sonora é transmitida ao ressonador buconasofaríngeo e esta pseudovoz é transformada em forma de palavra falada pelos órgãos articuladores, lábios, língua e dentes. A Laringe Eletrônica utilizada mais frequentemente é a justacervical, que o paciente pressiona na região submandibular ou na porção mediana do pescoço.
A comunicação por meio do vibrador laríngeo é limitada em termos de frequência, intensidade e modulação, propiciando uma voz com qualidade “metálica”. No entanto apresenta a vantagem de possibilitar o uso imediato, principalmente para pessoas que utilizam a voz profissionalmente e, por possibilitar segurança emocional no pós-operatório, maior independência e fácil aprendizado com mínimo esforço.
Fontes:
Artigo Cientifico: Assistência multiprofissional na reabilitação da comunicação da pessoa laringectomizada”.
Autores: Marcia Maria Fontão Zago; Namie Okino Sawada.
Site INCA (instituto nacional de câncer José de Alencar Gomes da Silva).
Endereço: www2.inca.gov.br
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